sexta-feira, 9 de novembro de 2007


VIVENDO O PRESENTE


Você já ouviu falar que preocupação envelhece? Há muita verdade nessa afirmação. Todos já
viram alguém "envelhecer da noite para o dia" ao passar por uma crise financeira ou emocional.

O que é exatamente esse padrão de pensamentos a que chamamos preocupação e que parece ter o poder de envenenar nossa existência?

É possível até mesmo afirmar que a preocupação causa o envelhecimento, pois ela acelera o tempo.

A preocupação é obviamente um hábito. O hábito de se atormentar por coisas que já passaram ou pelas que ainda podem acontecer.

Ela não tem nada a ver com o presente. Analisemos primeiro o passado. Ainda não se conhece nenhum meio de mudar o que passou. O passado é irrevogável; o tempo anula todas as possibilidades de torná-lo diferente.

Viver em meio aos enganos e mágoas do passado é totalmente improdutivo. Além do mais, esse tipo de atitude é nocivo, pois libera no organismo substâncias tóxicas que aumentam a pressão arterial e sobrecarregam o coração.

A melhor postura é reconhecer os erros passados, aprender com eles e deixá-los ficar em seu devido lugar, no passado.

Para dedicar toda a atenção ao presente é preciso a percepção sadia de que o passado se foi para sempre.

A preocupação é a recusa psicológica de aceitar esse fato. E o que a torna parte aparentemente inevitável da vida é o fato de os erros, as mágoas, os ressentimentos e as injustiças deixarem na mente vestígios que afetam o organismo através da conexão psicofisiológica.

Há um segundo tipo de preocupação que se ocupa de tentar evitar a dor pelo controle do futuro.

Um de meus colegas me deu um bom exemplo desse modo de agir. Ele tratou uma paciente durante vinte anos, e, nesse período, ela o visitava duas vezes por ano para fazer exames físicos completos.

Sempre que aparecia, demonstrava grande preocupação com a possibilidade de ter um câncer. Embora não tivesse nenhum sintoma da doença, ela inventava uma série de queixas que obrigava o médico a pedir uma bateria de exames apenas para assegurá-la de que não tinha câncer.

Essa cena se repetia ano após ano. A cada consulta o médico fazia o que podia para convencê-la de que estava livre da doença, e todas as vezes ela perguntava: "Tem certeza?"

Certa vez, porém, depois de analisar o resultado dos exames, o médico veio com más notícias. Disse à paciente que ela tinha câncer.

Ao que ela respondeu, com uma espécie de expressão de triunfo: "Não falei? Faz vinte anos que venho dizendo a mesma coisa!"

Em sua preocupação, essa mulher imaginou uma doença que ela temia mais que tudo. De tanto dar atenção a esse medo, ele acabou se tornando realidade.

A consciência tem meios de alterar os fatos. Nosso subconsciente pode transformar aquilo que imaginamos em realidade.

As pessoas que se preocupam se convenceram de que a preocupação é, de certo modo, o modelo correto de pensamento para evitar que coisas ruins aconteçam.

Entretanto, atenção é atenção. Se ficamos imaginando coisas que não queremos ver acontecer, é quase certo que o resultado será o oposto. Talvez algo "igualmente ruim" ocorra, o que dá no mesmo.

Se queremos imaginar o futuro, que ele seja repleto de alegrias e coisas boas. Mas as pessoas saudáveis não vivem nem no passado nem no futuro.

Elas vivem no presente, no agora, que acaba tendo sempre o gosto da eternidade, pois nenhuma sombra paira sobre ele.

Quando se presta atenção ao momento presente, ele se desenvolve em toda a plenitude.

Ao vivermos apenas de momento em momento, o tempo deixa de ser nosso inimigo.

Os efeitos nocivos da preocupação são eliminados através da valorização do que a vida nos oferece hoje.

Deepak Chopra

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