REFLEXÃO
Sigo no trânsito e, de dentro do meu carro, percebo os outros carros ao meu redor. Eles seguem em disparada, e são de várias cores, modelos e marcas, sempre indo e vindo num movimento frenético, acompanhado de buzinas, aceleração e pressa, aliás, muita pressa. Percebo, então, que não importa o período do dia, sempre haverá movimento, ação, ele nunca para. Em decorrência disto, pergunto-me:
“Todos têm pressa de chegar onde? Será tudo isto um fim em si mesmo? Caso não seja, para que, então, todo este desgaste físico e emocional que consumimos em nossas vidas? E por falar nisto, o que é mesmo que fazemos por aqui?”
A sociedade humana construiu suas marcas, mitos, ícones e heróis. Desenvolveu-se tecnológica e materialmente, graças a um árduo trabalho que nós desenvolvemos para a manutenção dela mesma. Quando criança, freqüentamos uma escola, após, em alguns casos, uma universidade, e assim seguimos adiante com especializações, mestrados, etc. para que consigamos o nosso lugar ao sol no mercado de trabalho, para que nos diferenciemos em nosso meio. Há, por certo aqueles que começam muito cedo a “lutar” pela sobrevivência. O que passa é que assumimos, sem questionar, o nosso papel de mantenedores de nosso mundo.
De todas estas sementes que lançamos no campo do mundo, nós temos colhido, pelo que tenho observado, computadores de última geração, veículos com designes arrojados, aviões supersônicos, sempre acompanhados de grandes doses de paraísos fiscais, lucros abusivos, corrupção, desrespeito, preconceito, violência, desigualdade e ódio. Mas de onde será que vêm estes últimos? Ah, nossa tendência é afirmar que quem suja nosso jardim são os outros. Falta que nos perguntemos quem são estes outros. Vivemos um momento em que as atrocidades se tornaram lugar comum e, anestesiados pela sua constância, seguimos sem nem percebê-las mais.
Serão estes fatos atrozes reflexos de aspectos de mim mesmo? E eu, quem sou eu?
Finalmente, se o “lado de fora” se torna impraticável, para onde iremos então? Como poderemos mudar toda esta confusão?
Seguindo os ensinamentos do mestre Krishnamurti, creio que primeiramente podemos começar prestando atenção aos nossos pensamentos, pois é através deles que semeamos a nossa realidade. Seguindo, também merecem a nossa atenção os nossos sentimentos e ações.
Quando ficamos atentos a estes movimentos internos, nos damos conta do quanto somos co-criadores de nosso mundo, e assim nós constatamos que somos infinitamente superiores ao que julgamos ser, e por conseguinte passamos a nos conectar, cada vez mais, com a Fonte da Vida.
Colaboração: Márcia Vares
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